Nos últimos tempos, tenho ouvido muitos cristãos me questionarem sobre maldição, onde eles me perguntam por que você acredita diferente de mim? Você não acredita que maldição existe? Se maldição não é da forma que acredito, então por que todas essas coisas me acontecem?
Esses questionamentos surgem porque essas pessoas vieram ou ainda frequentam igrejas, que movimentam seus membros, atividades e reuniões em função desse tema. Esse movimento “pró” maldição tem crescido, pois é um assunto muito popular e não necessita de muito esforço para manterem as igrejas cheias e conseguirem levantarem um bom valor em ofertas ou inscrições.
No entanto resolvi escrever este artigo para esclarecer o que acredito que é maldição, como funciona e o que não é maldição, de uma forma simples, sem entrar muito em questões teológicas (se é que é possível), também sem atacar esta ou aquela igreja, este ou aquele líder.
1 – Quem pode amaldiçoar?
Somente pode amaldiçoar quem tem poder e autoridade de abençoar, no caso somente Deus pode abençoar, como também pode amaldiçoar. Embora Ele tenha poder e autoridade para abençoar ou amaldiçoar, quem e quando quiser, preferiu estabelecer certos critérios para que essas ações sejam liberadas.
Como Deus é um Deus de aliança, Ele estabeleceu que a benção e a maldição, só virá pelo cumprimento ou descumprimento da parte humana da aliança que Ele fez com seus escolhidos. Logo somente pode participar disso quem conhece a Deus, pois quem não O conhece, não conhece a aliança e não pode ser punido pelo seu descumprimento ou beneficiado pelo seu cumprimento.
Se observamos os textos que geralmente são utilizados para se justificar a teologia da maldição (Ex 20, Dt 11, 27, 28, 29, 30), é fácil constatarmos que Deus esta fazendo uma aliança com seu povo. Povo este que O conhecia muito bem, tinham vistos os milagres Dele no Egito e os milagres Dele no deserto, além de serem exemplarmente ensinados por Moises, nesse nível de conhecimento de Deus, só resta fazer uma escolha entre duas opções: obedecer a Deus, cumprindo a sua parte da aliança e ser abençoado ou rejeitar a Deus, descumprindo a sua parte da aliança e ser amaldiçoado, não existe meio termo. Depois que Deus terminou de descrever os termos da aliança, as benção e as maldições, ao seu povo disse o seguinte:
Neste dia chamo o céu e a terra como testemunhas contra vocês. Eu lhes dou a oportunidade de escolherem entre a vida e a morte, entre a bênção e a maldição. Escolham a vida, para que vocês e os seus descendentes vivam muitos anos. (Deuteronômio 30.19 NTLH)
O caminho da benção ou da maldição é o mesmo para nós cristãos nos dias de hoje, ou seja, ou nós obedecemos a Deus e cumprimos sua vontade, para sermos abençoados ou não obedecemos a Deus, não cumprindo sua vontade e sermos amaldiçoados, não existe ainda um meio termo.
Mas, porque são apenas mornos (aquele que conhece mas não é obediente), nem frios (não conhece a Deus) nem quentes (conhece e é obediente), vou logo vomitá-los da minha boca. (Apocalipse 3.16 NYLH)
2 – O que é benção?
O termo benção provém do hebraico BARAK e quer dizer: sucesso, prosperidade, fecundidade e multiplicação. Esse termo tem sua raiz nos seguintes termos: ajoelhar-se, submeter-se, honrar um superior. Sendo assim, aquele que deseja ser abençoado precisa manter uma relação de obediência ao superior de onde ela provém, que no caso é Deus. É impossível alguém ser abençoado e ao mesmo tempo viver uma vida fora dos padrões divinos. É uma grande incoerência bíblica/teológica.
A Palavra de Deus diz, “— Se vocês derem atenção a tudo o que o SENHOR, nosso Deus, está dizendo a vocês e se obedecerem fielmente a todos os seus mandamentos que eu lhes estou dando hoje, Deus fará com que sejam mais poderosos do que qualquer outra nação do mundo.” (Deuteronômio 28.1 NTLH), ou seja: a obediência sempre precede a bênção. Não temos que viver correndo atrás de bênçãos, pois se vivermos assim nunca as teremos, devemos viver pelo ouvir e obedecer à vontade de Deus, que seremos abençoados automaticamente por consequência.
3 – O que é maldição?
O termo bíblico para descrever uma pessoa vivendo uma maldição, vem do hebraico ARAR e quer dizer: prender (a pessoa deixa de desfrutar das bênçãos que ela tinha recebido antes de se desviar), cercar com obstáculos (a pessoa vê as possíveis benção que pode receber, porem não consegue tê-las, pois o caminhos esta cheio de obstáculos para ela cair), deixar sem forças para resistir (a pessoa é levada a desistir de viver buscando o que não consegue ter e se conforma com a realidade atual), ou seja, a maldição prende a pessoa em suas próprias ações, desejos, escolhas e pensamentos.
As consequências para aqueles que escolhem fazer e satisfazer sua própria vontade, que é contrário a vontade de Deus, estão descritas em detalhes nos textos de Ex 20, Dt 11, 27, 28, 29, 30. Talvez sejam os textos mais terríveis da Bíblia, no que se refere à descrição da severidade do castigo divino e é fato, não compensa desobedecer.
4 – Um cristão pode estar em maldição?
Não, se partirmos do entendimento de que cristão é aquele que conhece, obedece e se mantém unido com Jesus, este não viverá em maldição.
Agora já não existe nenhuma condenação para as pessoas que estão unidas com Cristo Jesus. Pois a lei do Espírito de Deus, que nos trouxe vida por estarmos unidos com Cristo Jesus, livrou você da lei do pecado e da morte. (Romanos 8.1-2 NTLH)
— Se vocês continuarem a obedecer aos meus ensinamentos, serão, de fato, meus discípulos e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará. (João 8.31-32 NTLH)
5 – O cristão pode viver uma maldição, por conta da vida que levou antes de se converter?
Não, por três motivos:
* Deus não leva em conta o que as pessoas fizeram, até o momento de conhecê-lo. No passado Deus não levou em conta essa ignorância. Mas agora ele manda que todas as pessoas, em todos os lugares, se arrependam dos seus pecados. Pois ele marcou o dia em que vai julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que escolheu. E deu prova disso a todos quando ressuscitou esse homem. (Atos 17.30-31 NTLH | Quando Paulo diz “no passado” e “não levou” é porque ela está falando com pessoas que um dia conheceram a Cristo) Agradeço a Cristo Jesus, o nosso Senhor, que me tem dado forças para cumprir a minha missão. Eu lhe agradeço porque ele achou que eu era merecedor e porque me escolheu para servi-lo. Ele fez isso apesar de eu ter dito blasfêmias contra ele no passado e de o ter perseguido e insultado. Mas Deus teve misericórdia de mim, pois eu não tinha fé e por isso não sabia o que estava fazendo. (I Timóteo 1.12-13 NTLH)
* Jesus recebeu a maldição no lugar das pessoas que o aceitarem como Senhor e Salvador. Porém Cristo, tornando-se maldição por nós, nos livrou da maldição imposta pela lei. Como dizem as Escrituras: “Maldito todo aquele que for pendurado numa cruz!” Cristo fez isso para que a bênção que Deus prometeu a Abraão seja dada, por meio de Cristo Jesus, aos não-judeus e para que todos nós recebamos por meio da fé o Espírito que Deus prometeu. (Gálatas 3.13-14 NTLH)
* Aquele que aceita a Jesus, se torna uma nova pessoa e tudo o que ela fez não existe mais. Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo. Tudo isso é feito por Deus, o qual, por meio de Cristo, nos transforma de inimigos em amigos dele. E Deus nos deu a tarefa de fazer com que os outros também sejam amigos dele. A nossa mensagem é esta: Deus não leva em conta os pecados dos seres humanos e, por meio de Cristo, ele está fazendo com que eles sejam seus amigos. E Deus nos mandou entregar a mensagem que fala da maneira como ele faz com que eles se tornem seus amigos. (II Coríntios 5.17-19 NTLH)
6 – Existe maldição hereditária?
Não, pelos motivos citados na questão acima, além dessas questões, se ainda quisermos insistir, teríamos que considerar a possibilidade de o pai e a mãe terem conhecido a Jesus, aprendido a Sua vontade e escolhido viver fora de Cristo. Não bastaria apenas o pai ou apenas a mãe, deveria ser os dois, pois no velho testamento o que o pai decidia e a mulher era obrigada a decidir o mesmo e hoje não é assim, porem ainda se considerarmos esse caso, fiquemos com o que a Palavra de Deus diz:
— Imaginem também que esse homem tenha um filho que rouba, mata e faz coisas que o pai nunca fez. Esse filho come a carne dos sacrifícios oferecidos em templos proibidos e seduz mulheres casadas. Engana os pobres, rouba e fica com aquilo que lhe foi dado como garantia de empréstimo. Ele vai a templos pagãos, adora ídolos nojentos e empresta dinheiro a juros altos. Será que ele vai viver? Não! Não vai! Ele fez todas essas coisas vergonhosas e morrerá por causa delas. Esse filho será culpado da sua própria morte. — Agora, imaginem que, por sua vez, esse filho tenha um filho. Esse filho vê todos os pecados que o pai cometeu, mas não segue o seu exemplo. Não adora os ídolos dos israelitas, nem come a carne dos sacrifícios oferecidos em templos proibidos. Não seduz mulheres casadas e não explora, nem rouba ninguém. Ele devolve aquilo que lhe foi dado como garantia de empréstimo. Dá comida a quem tem fome e roupa a quem está nu. Ele se recusa a fazer o mal e não empresta dinheiro a juros altos. Guarda as minhas leis e obedece aos meus mandamentos. Ele não morrerá por causa dos pecados do pai. É certo que viverá. O pai dele enganou, e roubou, e só prejudicou os outros. Por isso, morreu por causa dos seus próprios pecados. — Mas vocês perguntam: “Por que é que o filho não sofre por causa dos pecados do pai?” A resposta é esta: é porque o filho fez o que era correto e bom. Ele guardou as minhas leis, e as seguiu cuidadosamente, e por isso é certo que viverá. Aquele que peca é que morre. O filho não sofrerá por causa dos pecados do pai, nem o pai, por causa dos pecados do filho. A pessoa boa será recompensada por fazer o bem, e a pessoa má sofrerá pelo mal que praticar. — Se um homem mau parar de pecar, se guardar as minhas leis e se fizer o que é certo e bom, não morrerá; é certo que viverá. Todos os seus pecados serão perdoados, e ele viverá porque fez o que é certo. (Ezequiel 18.10-22 NTLH)
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